O Corpus Christi é uma das celebrações mais significativas do calendário litúrgico católico, um dia em que a Igreja se volta para um dos seus maiores mistérios e dons: a Eucaristia. A celebração tem data móvel, caindo sempre em uma quinta-feira, 60 dias após o Domingo de Páscoa e dez dias depois do Domingo de Pentecostes. O nome, do latim, “Corpo de Cristo”, já revela o foco central da festa.
Por que numa 5ª. Feira? Porque diz o Evangelho que Jesus se reuniu com seus discípulos nesse dia de semana durante a Ultima Ceia e foi quando instituiu a Eucaristia, como um memorial de sua morte e ressurreição, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo…Tomai e bebei, isto é o meu sangue que será derramado por vós e por muitos, para remissão dos pecados.” (Mt 26, Mc 14, Luc 22)
O significado da Eucaristia para os católicos
Para os católicos, a Eucaristia não é apenas um símbolo, mas a presença real de Jesus Cristo sob as aparências de pão e vinho consagrados durante a missa. É a atualização do sacrifício de Jesus na cruz, um ato de amor infinito que Ele deixou como legado na Última Ceia. O Corpus Christi, portanto, é um dia para celebrar essa presença viva, agradecer por esse dom inestimável e reafirmar a fé na doutrina e na crença de que a substância do pão e do vinho se transforma em substância do Corpo e Sangue de Cristo.
As origens da festa
A festa do Corpus Christi tem suas raízes no século XIII, impulsionada por visões de uma freira belga, Santa Juliana de Mont Cornillon, que via uma lua cheia com uma mancha escura, interpretada como a ausência de uma festa específica para o Santíssimo Sacramento. Mais tarde, um milagre eucarístico em Bolsena, na Itália, em 1263, onde uma hóstia consagrada começou a sangrar durante a missa, fortaleceu a devoção e levou o Papa Urbano IV a instituir a festa de Corpus Christi para toda a Igreja em 1264.
Os tapetes de Corpus Christi: fé e arte popular
No Brasil e em diversos lugares do mundo, uma das manifestações mais marcantes do Corpus Christi são os tapetes coloridos que enfeitam as ruas. Essa tradição, que remonta há séculos, envolve a participação de milhares de fiéis que, com devoção e criatividade, usam materiais como serragem, areia, borra de café, sal, flores, folhas e tecidos para criar desenhos elaborados. Esses desenhos geralmente retratam símbolos religiosos, cenas bíblicas ou mensagens de fé, formando um caminho por onde passará a procissão com o Santíssimo Sacramento.
A procissão solene e a adoração
O ponto alto da celebração é a procissão eucarística. Nela, o padre ou um ministro leva o Santíssimo Sacramento, geralmente exposto em um ostensório (um recipiente dourado e ornamentado), pelas ruas enfeitadas com os tapetes. Os fiéis acompanham a procissão com cânticos, orações e adoração, testemunhando publicamente sua fé na presença real de Cristo. A procissão é um ato de fé e de louvor, um momento de profunda espiritualidade e comunhão.
Além da procissão, o dia de Corpus Christi é marcado por missas solenes e momentos de adoração eucarística, onde os fiéis podem passar um tempo em silêncio e em oração diante do Santíssimo Sacramento exposto no altar. É um convite à intimidade com Cristo, um momento para aprofundar a relação pessoal com Ele.
Em suma, o Corpus Christi é mais do que um feriado; é uma vivência de fé profunda, um convite à reflexão sobre o mistério da Eucaristia e uma oportunidade para os católicos expressarem publicamente sua devoção ao Corpo e Sangue de Cristo.
Col.: Pilar Arias (Pile Maracaju)











