Até logo, junho! Suas festas juninas iluminaram nosso coração com muita alegria. Quadrilhas, pipoca, pé de moleque, quentão… hummm..delícia! E as rezas? Terço pra Santo Antônio, São João e São Pedro nos abençoarem, enquanto levantamos suas bandeiras no mastro, lá no terreirão… Bandeirinhas, fogos coloridos… E as conversas em volta da fogueira? Ah, essas renderam risadas gostosas e histórias que aqueceram a alma tanto quanto o calor da brasa. E os causos? Então, né. Meu primo Zé, mais que primo, meu irmão, gostava de contar causos. Não sei, mas desconfio que ele era meio mentiroso.
O pior é que ficava uma onça se alguém dizia ou levemente insinuava que o “causo” dele era mentira. Só pra vocês verem, ele contou que um dia viu um pé de mamão no meio do cafezal.
Cada mamão vermelhinho, docinho, do tamanho de uma melancia!!!!
Daí ele pegou um e cortou. Imaginem, disse que tinha dezenove sanhaços dentro do mamão, comendo. Ah… eu não aguentei! “Dezenove, Zé???? Ah, vai ser mentiroso, sô! Por que já não diz logo que eram vinte????” E o Zé, muito zangado: “Ô Pile… acha que eu ia me sujar por conta de um sanhaço????” Verdade, né?
E a onça???? Um dia ele, molecote, estava na mata e escutou uns miados fortes e chorosos. Ficou curioso e viu que vinham de dentro de um tronco oco. Pensou que fossem alguns gatinhos e subiu no tronco, que era bem alto. Olhando lá dentro, viu três oncinhas lá no fundo, umas gracinhas. Mas ele se debruçou muito e “catapimba”!!!! caiu dentro do tronco. .
E agora? A onçona mãe ia chegar, e ele lá dentro… não podia fazer nada, não conseguia subir de volta e ficou ali quietinho no meio das oncinhas, tentando ficar invisível. A onça chegou, olhou lá de cima e deu aquele rugido, tipo “vou devorar aquele intruso”. O Zé ficou branco! Mas como as garras das onças são curvas, ela não podia descer de frente (se não escorregava e caia)… então ela desceu de costas, agarrando no tronco com as unhas… e o Zé ali quietinho… Quando o rabo da onça chegou ao alcance dele, ele agarrou e deu um berro horrível. A onça se assustou e subiu correndo tronco acima, com o Zé pendurado … e, com o susto, a onça saiu voando mata adentro e o Zé voando mata afora!!!! Lógico que todos nós acreditamos, né? Então…
Quando éramos crianças, íamos a cavalo para a escola e o cavalo ficava pastando no gramado do colégio até dar a hora de ir para casa. O cavalo do Zé era inteligente demais… só faltava falar. Mas era tão inteligente, tão inteligente, que o Zé deu nome nele de Einstein. O povo lá da roça apelidou o cavalo de Asta. E o Zé ia pra escola todo dia no Asta. Um dia a campainha que soava o final das aulas não tocou! Vai ver tinha acabado a força. Mas o cavalo, que era muito esperto e tinha uma boa noção das horas, percebeu que a gente estava demorando muito e a campainha tinha encrencado. Então pôs a cabeçona para dentro da sala de aula, pela janela e, relinchou quatro vezes, como se estivesse dizendo “Vamo imbora” que já são 4 horas, tá na hora!”. Eu vi, eu estava lá… mas um dia eu conto pra vocês o causo da aranha. E o causo da chuva então. Mas uns tempinhos atrás, umas duas semanas mais ou menos, era a noite de São João e eu estava sentada no terraço, olhando as estrelas e pensando na vida. De repente na noite escura, ouvi umas risadas divertidas… uai! Eu estava sozinha!!!
Ah já sei… era o Zé contando causos pros anjos… “Sodade docê”, meu caboclo !!!
Col.: Pilar Arias (Pile Maracaju)











