A tentativa do Prefeito Fernando Stocco (MDB), de Santa Cruz das Palmeiras, de governar sob um manto de obscuridade sofreu um golpe devastador. Em uma decisão que representa uma vitória para a transparência e a fiscalização, a Justiça de São Paulo concedeu medida liminar obrigando o chefe do Executivo a abrir a “caixa-preta” de sua gestão e entregar, em 30 dias, todas as informações solicitadas pelo vereador Yuri Biasoli (Podemos). A ordem judicial não apenas valida a atuação fiscalizatória do parlamentar, como também encaminha o caso ao Ministério Público, elevando a temperatura política e jurídica na cidade.
A intervenção judicial é o clímax de uma verdadeira cruzada fiscalizatória liderada por Biasoli, cuja atuação brilhante já colhe frutos em outras esferas. Foi sua vigilância que levou à suspensão do “Pregão do Lixo” por inúmeras irregularidades e que gerou decisões vitoriosas no Tribunal de Contas do Estado, especialmente nos questionamentos sobre os gastos da FESPAL, onde se apura potencial dano ao erário público.
Contudo, no âmbito municipal, a resposta do Prefeito Stocco foi o silêncio e a obstrução, segundo o vereador. Dezenas de requerimentos, que buscavam desde cópias de processos licitatórios até detalhes sobre contratos milionários, foram ignorados ou respondidos com evasivas protocolares. A recusa sistemática em prestar contas levantou a inevitável suspeita que paira sobre a cidade: o que o prefeito tenta tanto esconder?
A situação, ao que parece, está deixando o prefeito com os nervos à flor da pele. Fontes de dentro da prefeitura relatam um ambiente de alta tensão, com episódios em que o chefe do Executivo teria sido ouvido aos gritos com funcionários e até mesmo com procuradores dentro de seu gabinete, numa clara demonstração de descontrole diante da pressão.
A paciência, no entanto, esgotou-se. A Câmara Municipal, em um movimento coeso para resguardar sua função constitucional, impetrou um Mandado de Segurança que agora se prova acertado. A decisão liminar é um recado direto: a era do “faça o que eu digo, não o que eu faço” acabou. O poder de fiscalizar do Legislativo não é uma mera formalidade, mas um pilar da democracia que o Judiciário está disposto a proteger.
Com a remessa dos autos ao Ministério Público, o Prefeito Fernando Stocco entra oficialmente no radar da improbidade administrativa e da infração político-administrativa. A omissão, antes uma estratégia política, pode agora custar-lhe o mandato.
Enquanto o relógio corre para o cumprimento do prazo de 30 dias, a população de Santa Cruz das Palmeiras observa atentamente. A expectativa é que a luz da Justiça finalmente ilumine os porões da administração municipal, revelando os segredos que a gestão Stocco luta com tanto afinco (e nervosismo) para manter trancados em sua “caixa-preta”.










