Paróquia Santa Cruz comemora 134 anos de fundação

No próximo dia 26 (quarta-feira), a Paróquia Santa Cruz comemora 134 anos de sua fundação canônica, que foi um passo importantíssimo na concretização do sonho de uma comunidade que surgia. Os primeiros habitantes da localidade, que hoje ostenta o nome de Santa Cruz das Palmeiras, datam de 1795 (informação obtida através de censo demográfico). Entretanto, somente a partir de 1850, após o falecimento do fazendeiro Manoel do Carmo Aparecido, é que seus herdeiros vendem 20 glebas de terras da Fazenda Palmeiras, sendo seus principais compradores os agricultores Carlos Monteiro de Barros, Tenente Baptista Nogueira de Carvalho e o açoriano Manoel Valério do Sacramento.
A fazenda fica no “Caminho dos Goyases”, rota de tropeiros e viajantes. O local torna-se um ponto estratégico e importante no caminho entre São Paulo e Minas Gerais, tendo como destaque o Quarteirão do Serrado, às margens do Córrego das Palmeiras (recanto da biquinha), por ser ponto de descanso e abrigo para tropeiros e viajantes. A localidade, com terras boas, atrai grandes fazendeiros e, assim, começam a surgir as grandes fazendas cafeeiras, como Santa Veridiana (Ano 1868), de Antônio da Silva Prado; Fazenda Aurora (1869), de João Carlos Leite Penteado; Fazenda Maracaju (1872), inicialmente de Francisco Eugenio do Amaral e, posteriormente, do Coronel Antônio Martiniano de Moura Albuquerque; por fim, no ano 1873, a Fazenda Palmares, de Antônio Alvares Leite Penteado, tendo todas essas fazendas e os pequenos agricultores proporcionado o crescimento populacional do local.
Contudo, a necessidade de vivenciar a fé sempre foi muito presente na vida de nossa população. Assim, ainda no ano de 1868, Manoel Valério do Sacramento pede junto à Câmara Episcopal de São Paulo autorização para que o Padre da Matriz de Casa Branca celebrasse missa em oratório privado de sua propriedade. O pedido é aceito, e Dom Sebastião Pinto do Rego, Bispo Diocesano de São Paulo, concede, em 28 de março de 1868, a provisão.
Com a autorização do culto e o crescimento da fé do povo das Palmeiras, torna-se necessária a construção de uma capela para as celebrações litúrgicas. Assim, com a colaboração e o trabalho do povo, foi construída uma primeira capela em terras de Manoel Valério, cuja inauguração ocorreu em 03 de maio de 1876 (data histórica e oficial da fundação de Santa Cruz das Palmeiras). Esta capela foi edificada a trezentos metros do córrego das Palmeiras (atual recanto da biquinha), tendo como zelador o senhor Francisco Jose de Souza Pinto (Tenente Pinto).
Em 15 de março de 1878, sob a liderança de Maria Eugênia Monteiro de Barros, que, em decorrência do falecimento de seu esposo, assumira a Fazenda São Carlos, é proposta, através de ação judicial nº 71, na Comarca de Casa Branca, a regularização da Fazenda Palmeiras, e na ação se estabelece a doação de terras para formação do Patrimônio de Santa Cruz, sendo, inicialmente, seus doadores João Baptista de Barros Leite, João de Carvalho Barros, José dos Santos Corrêa, Raimundo de Araújo Macedo, e, posteriormente, ainda 1878, Antônio Aranha de Albuquerque, Aureliano Bento de Araújo, Francisco de Araújo Gouvêia , João Carlos Arantes, Francisco Jose de Souza Pinto, Manoel Valério do Sacramento e Maria Eugênia Monteiro de Barros, constituindo, assim, o patrimônio da Capela de Santa Cruz, perfazendo uma área de 54hectares.
Em 10 de agosto de 1881, a Capela, pelo crescimento populacional do local, é elevada à categoria de freguesia (menor divisão administrativa de uma localidade no período do império) da Paróquia de Casa Branca. Como o crescimento populacional era muito grande, principalmente pelo fato das fazendas Santa Veridiana e Palmares começarem um trabalho de troca da mão de obra escrava pela de imigrantes europeus, o senhor Francisco Jose de Souza Pinto, zelador da Capela de Santa Cruz, encaminha à Cúria Diocesana de São Paulo o pedido de criação de uma paróquia para os moradores do Bairro de Santa Cruz.
Assim, o Excelentíssimo Bispo Diocesano Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho, em 26 de agosto de 1884, atende ao pedido dos moradores, estabelecendo a delimitação dos limites das terras, desmembrando-a da Matriz de Casa Branca e autorizando que seja benta a Capela de Santa Cruz das Palmeiras, conforme o ritual romano da Santa Igreja, para que seja celebrada a Santa Missa e realizados os cultos devocionais.
Em clima de muita festa no povoado, os moradores celebram a notícia da criação da paróquia. Em ato subsequente à criação da paróquia, é nomeado, em 18 de setembro de 1884, como seu primeiro vigário (pároco), o Reverendo Padre José Evangelista Franco.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
SANTA CRUZ, Paróquia – “Livro Tombo nº01” – 1884
PINTO, Cônego Antônio de Souza – “Os cem anos da Paróquia Santa Cruz das Palmeiras” – 1984.
SANTA CRUZ, Paróquia – “Planejamento Pastoral Paroquial” – Editora e Gráfica São Paulo – 1999.
MENDES, Luiz Affonso Mendes – “Santa Cruz das Palmeiras de 1765 à Revolução Constitucionalista de 1932” – Gráfica e Editora São Paulo, 2000.
CAMARGO, Roque Diaulas – “As Igrejas Católicas de Santa Cruz das Palmeiras” – Editora e Gráfica São Paulo – 2019
Texto: Elton Michetti – Mestre de Formação / Ordem Franciscana Secular
Fonte: Informativo Paroquial – Paróquia Santa Cruz – Agosto de 2020

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